top of page
ARTE 3D SEM CONTORNO_edited.png

Quando envio documentos para uma LLM, o que ela faz com esse conteúdo?

Enviar documentos para ferramentas de IA virou parte da rotina. Nas empresas por onde passo, é comum ver relatórios internos, planilhas, contratos e até atas de reunião sendo submetidos a modelos de linguagem — tudo compartilhado na expectativa de obter respostas rápidas e análises inteligentes.


Mas uma dúvida sempre aparece — mesmo que ninguém verbalize:

“Para onde vão esses arquivos? A IA aprende com eles? Ela guarda alguma coisa?”

Este post vai esclarecer, de forma simples e direta, o que acontece exatamente com os documentos enviados a uma LLM (modelo de linguagem) e como usar IA de maneira mais segura, especialmente quando você lida com informações sensíveis.



O que uma LLM realmente faz com os documentos que você envia


Quando você manda um texto para uma LLM, ele não vira parte da memória do modelo.Ele entra apenas no chamado contexto temporário da conversa.


Em outras palavras:

  • a IA usa aquele conteúdo só para responder a sua pergunta naquele momento;

  • o modelo não altera seu conhecimento interno com seus arquivos;

  • o documento não é incorporado ao modelo.


A operação que acontece nos bastidores se chama inferência:a IA cruza o conteúdo enviado com os padrões linguísticos que ela já aprendeu durante o treinamento.


Quando a interação termina, o modelo não retém o material.


Se houver histórico salvo na ferramenta, isso é uma função da plataforma, não da IA.


Como consultar a IA usando seus próprios documentos com segurança: o RAG


Existe uma forma inteligente de usar seus arquivos com uma IA sem que o modelo tenha acesso direto a eles: a técnica chamada RAG — Retrieval-Augmented Generation.

O nome parece sofisticado, mas a lógica é simples:

RAG é como emprestar um livro para a IA durante a conversa. Ela consulta, lê o trecho necessário e devolve. Não guarda nada.

Funciona assim:

  • o sistema busca, nos seus documentos, os trechos que têm relação com a pergunta;

  • envia esses trechos para a IA apenas naquele momento;

  • a IA usa esse material como referência imediata.


Isso significa que:

  • a IA não aprende nada novo;

  • nada é adicionado ao modelo;

  • tudo é temporário e baseado no texto encontrado.


Um exemplo prático dentro de uma empresa


Imagine que sua organização possui uma coleção de documentos internos, como:

  • atas de reunião

  • relatórios de desempenho

  • demonstrativos financeiros

  • fluxo de caixa

  • projetos e propostas internas


E você quer fazer uma pergunta à IA, como:

“Quais foram as prioridades definidas na reunião de planejamento do último trimestre?”

Sem RAG, a IA só pode usar seu conhecimento genérico — e provavelmente errar.


Com RAG:


  1. O sistema procura dentro das atas trechos que falam sobre prioridades.

  2. Esses trechos são enviados para a IA naquele momento.

  3. A IA responde com precisão, citando informações reais e atualizadas.


Assim, você tem:


  • respostas contextualizadas,

  • baseadas em dados reais,

  • sem expor seus documentos diretamente ao modelo.


figura 1 - Nossos documentos usados como fonte de dados para IA
figura 1 - Nossos documentos usados como fonte de dados para IA

Perfeito para resumos, consultas rápidas e criação de conteúdo com referências confiáveis (figura 1).

Aqui na USP - Universidade de São Paulo, uso RAG na área de inovação, pegamos as teses pesquisadas, as ementas e os documentos administrativos, consumimos e melhoramos processos internos. Identificamos oportunidades na triagem de pacientes no atendimento da clínica odontológica, usando RAG e ajustes finos (tratado em outro post)


Conclusão: a IA não aprende com seus arquivos — e isso é mais importante do que parece


Ao enviar documentos para uma LLM, lembre-se:

Ela não guarda, não incorpora e não aprende com o seu arquivo.O risco está na plataforma, não no modelo.

Quando você precisa que a IA consulte seus documentos internos, o caminho correto — e mais seguro — é usando RAG, que funciona como uma “ponte temporária” entre seus arquivos e a inteligência artificial.


Em posts futuros, posso te mostrar como preparar sua base documental para usar RAG na prática, sem comprometer privacidade.


Se quiser essa continuação, é só pedir.

Comentários


bottom of page