IA: Não é mais uma vantagem — é uma condição de sobrevivência
- Robson Brandão
- 15 de abr.
- 2 min de leitura
Em cada grande ruptura histórica, os sinais de mudança sempre estiveram à vista; o que costuma faltar é humildade para aceitá-los. Líderes embriagados pelo êxito pretérito—convencidos de que a mesma cartilha seguirá funcionando—relutam em questionar estruturas, processos e até a própria identidade institucional. Essa miopia estratégica faz com que a pergunta decisiva de qualquer era—“queremos ser meros espectadores ou verdadeiros pioneiros?”—acabe respondida pela inércia, não pela visão.
A revolução da Inteligência Artificial escancara essa fragilidade. Universidades brasileiras centenárias, aprisionadas em hierarquias rígidas, defendem a excelência da pesquisa, mas hesitam em atualizar currículos, governança e modelos operacionais para dialogar com ecossistemas de inovação que avançam a velocidades exponenciais. É como preparar meticulosamente um navio—pintar o casco, revisar velas, calibrar instrumentos—e, na hora de içar a âncora, paralisar-se diante do desconhecido. Ficar no porto não diminui a tempestade: apenas garante que outros navegadores tomarão o horizonte. Esse contraste fica evidente quando olhamos para a Itália do Renascimento que foi um caldeirão de ideias que moldaram o mundo moderno e o Vale do Silício o seu equivalente contemporâneo — um ecossistema de inovação onde a inteligência artificial é a nova arte revolucionária. No centro disso tudo, Stanford. Foi de lá que, nos anos 1950, John McCarthy não apenas cunhou o termo “inteligência artificial”, mas também fundou, em 1963, o Laboratório de IA da universidade. A partir dali, nasceu uma filosofia: inovação real exige integração entre ciência, tecnologia, pessoas e visão institucional.
Enquanto Stanford e UC Berkeley continuam a moldar o futuro da IA, com apoio institucional e sinergia entre disciplinas, muitas universidades e empresas ainda hesitam — presas a estruturas rígidas, burocráticas, e muitas vezes paralisadas pelo medo do novo.
É preocupante quando vemos lideranças que, em vez de fomentar esse movimento, o freiam — muitas vezes por não compreenderem totalmente os impactos da IA, outras vezes por estarem presos a modelos operacionais ultrapassados.
O projeto de "Células de IA", não é um capricho tecnológico. É um passo estratégico e urgente. Estamos diante de uma mudança de era, e cada adiamento não é neutro — é um retrocesso.
Empresas como o Nubank já declararam publicamente seu compromisso com o modelo AI First. No Vale do Silício, 30 das 50 empresas líderes em IA do mundo nasceram do encontro entre universidade, investimento e ousadia. É nesse tripé que se constrói o futuro.
A negativa em adotar iniciativas como esta não apenas atrasa o progresso — compromete a relevância institucional diante de um cenário global cada vez mais competitivo e automatizado.
A pergunta que deve nos guiar não é "se" devemos agir, mas sim: quanto tempo ainda temos até que seja tarde demais?
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